sábado, 26 de dezembro de 2009

Respeito é bom e eu gosto

Respeito é bom e eu gosto. E quem não gosta???
O difícil é saber qual é o limite do respeito e a partir de onde se torna desrespeito. É uma linha muito tênue, muito frágil e que se quebra com qualquer deslize, qualquer distração.
Segundo o dicionário: 1 Ação ou efeito de respeitar ou respeitar-se. 2 Aspecto ou lado por onde se encara uma questão; consideração, modo de ver, motivo, razão.
Desrespeito, mais do que destratar ou ofender entra na questão da razão, do modo de ver, do ponto de vista.
Desrespeito no pensar, no agir e até no sentir.
Desrespeito é quando o seu modo de ser se torna o centro do seu mundo inferiorizando ou renegando qualquer outra atitude, forma ou jeito de lidar com as coisas que não seja igual ao seu, sem ter a sensibilidade de perceber o quão as pessoas são diferentes.
Com que direito as pessoas criticam suas reações, suas decisões, seus sentimentos baseados no modo delas de pensar? Com que direito julgam a personalidade alheia baseado em nada?
Porque quem julga geralmente não tem base, às vezes acha que tem, mas a superficialidade dos pensamentos e do envolvimento com o outro é tão grande que é mais fácil julgar do que ir mais a fundo, entender, compreender ou aceitar que cada um do jeito que é, e que isso não torna ninguém melhor ou pior.
Pessoas não são robôs, não são máquinas programadas pra serem iguais... Elas sentem, choram, pensam, tem momentos de solidão, alegria, irritação e isso também tem que ser respeitado. Querer impor uma situação que não é a da sua vontade também é um desrespeito a individualidade.
Cada um sabe o que pega, onde toca, o que fere.
Então que sejamos, cada um do seu jeito, com sua forma de pensar, de agir, de reagir e sempre com cuidado pra não violentar esse direito de ser de cada um.


“Você que nem me ouve até o fim
Injustamente julga por prazer
Cuidado quando for falar de mim...

Perceba que não tem como saber
São só os seus palpites na sua mão
Sou mais do que o seu olho pode ver...”
(Pitty)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Aprender a deixar ir

Perdas. Lidar com perdas é sempre muito difícil, porque naturalmente ninguém gosta de perder nada e nem ninguém, porque isso nos obriga a enfrentar emoções e sentimentos muito específicos, como posse, egoísmo, manipulação. Nos faz perceber o quão pequenos nós somos diante das coisas, e que na verdade não temos controle sobre absolutamente nada.
Em diversos momentos nos vemos querendo ter poder como se fosse Deus, mando aqui, resolvo ali, manipulo determinada situação. E quando se trata de lidar com o ser humano então essas vontades parece que se afloram ainda mais, queremos controlar o sentimento alheio, as decisões, a compania, a vida... Com que direito fazemos isso? Acho que é instintivo. Essa necessidade de controle sobre a vida vem de uma certa prepotência e egoísmo sim, mas nem sempre regido por forças negativas, muitas vezes é por puro amor. Não queremos perder porque amamos. Porque amamos queremos ter as pessoas ao nosso lado e às vezes ignoramos até o sofrimento alheio com a garantia que não iremos perder e manter a nossa tranquilidade cômoda. Mas esquecemos que é porque amamos que devemos deixar ir, que porque amamos que deveríamos entender que tudo tem seu tempo, que não temos domínio sobre nada e nem deveríamos ter e que cada um tem sua história e não cabe a nós interferirmos.
Na teoria isso tudo é muito bonito, mas e na prática? Quando a vida nos prega uma peça e desprevenidos nos tira algo que não é nosso, mas estava enraizado em nós como se fosse? Quando sem mais nem menos perdemos uma parte de nós? Não digo uma pessoa, pois cada um que passa em nossa vida se torna parte de nós, parte de nossa formação, parte de nossas influências, parte do que nos tornamos de verdade. Como deixar de lado todo esse sentimento egoísta quando uma grande parte de nós vai embora sem mais nem menos?
E agora só ficam as lembranças... Como não ter mais as macarronadas de domingo, o incomparável arroz doce, os beijos e apertões quando menos se espera, uma mão trêmula pra pegar o copo de leite bem quente, histórias e mais histórias sem fim de um passado, ou dos parentes da Bahia, ou do casamento com o vizinho apaixonado, até um jeitinho meio rabugento e reclamão, como não ter mais? Como não ter mais os barulhos intermináveis quando se está dormindo, a almofada jogada no meio da casa, o amor sem fim, a alegria de viver, a risada alta, os grampos espalhados em todo canto, a fragilidade demonstrada em cada gesto, em cada olhar, como não ter mais? Como deixar ir, sendo que uma parte de toda minha história está indo embora também?
É nessas horas que vemos o quanto somos egoístas e manipuladores, porque tudo o que eu queria era ter esse poder sobre as minhas mãos, de mudar as coisas, de voltar no tempo, de ser Deus nem que fosse por instantes. Sei que é fraco, mas é humano.
Não tem como evitar todas aquelas frases clichês: “Tudo tem seu porque”; “Cada um cumpre sua missão”; “Nada como o tempo”. E eu acredito nisso tudo, acredito mesmo. Mas a realidade é tão mais colorida vista de fora, é tão mais bonita falada e não sentida.
Ta aí um grande desafio, aprender a perder, aprender a deixar ir, aprender a se deixar ir... Porque a vida é assim, ela simplesmente vai...


“Tua palavra, tua história
tua verdade fazendo escola
e tua ausência fazendo silêncio em todo lugar

metade de mim
agora é assim
de um lado a poesia o verbo a saudade
do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim”


(“O anjo mais velho” – O Teatro Mágico)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Qual foi a melhor coisa do seu dia?

Blogs são usados com diversas intenções. Alguns usam como ferramenta de trabalho, críticas, diversão. Criei esse blog mais como uma forma de diário. Relaxa que ninguém aqui vai ter que dividir comigo minhas dores, meus costumes, meus amores...rs.
É mais para compartilhar idéias, desabafar meus inconformismos, ou comentar sobre o que acho interessante, como: cinema, teatro, atitudes... Sempre que escrevo me sinto mais atuante, seja para mudar algo na sociedade, mesmo que pareça imperceptível, ou até mesmo para mudar algo dentro de mim. Enfim, assim como a mente é livre pra voar, não vou rotular meus pensamentos, minhas divagações...


Esses dias me surpreendi com uma pergunta que aparentemente parece simples, mas me causou um incomodo enorme quando eu não consegui responder imediatamente, tive que pensar... pensar... E ainda assim não respondi com convicção. Ai vai.
Qual foi a melhor coisa do seu dia?
É, parece fácil de responder, mas ai quando a gente se depara com ela vê que não é bem assim. Aposto que achariam um monte de respostas superficiais, mas sem se dar conta do que te fez bem de verdade. E isso mexeu comigo, porque reparei o quanto a vida passa despercebida.
As pessoas passam pela vida, elas não vivem de verdade. Cumprem suas obrigações, trabalham, estudam, até se divertem, e no dia seguinte começa tudo de novo. Mas realmente a gente sabe com que intuito fazemos tudo isso? O que acrescenta na nossa essência? Sei que sempre aprendemos com as experiências diárias, mas nem sempre isso é perceptível. Depois dessas questões vi que corro o dia inteiro, sei onde eu quero chegar, e até tenho a sensação de missão cumprida, mas em todo esse percurso não olhei o que estava fazendo, mas apenas que estava fazendo, e no fim do dia não consegui responder, sem parar pra pensar, qual foi a melhor coisa do meu dia.
Mas acho que vai ainda mais além, se não temos a sensibilidade de olhar pra nós mesmos de verdade, como olhar pro outro e entender as suas necessidades, ou supri-las. Não digo apenas na convivência com pessoas próximas, mas na sociedade em geral. É violência, incompreensão, egoísmo, desrespeito, e mais um monte de adjetivos que eu poderia citar, mas como perceber ou mudar certas coisas, sendo que o ser humano não tem controle nem da sua própria vida.
Fui longe né. Mas é que realmente acho que se aprendermos a olhar para o que sentimos de verdade e valorizarmos as pequenas coisas que passam diante de nossos olhos e são muito mais importantes do que grandes conquistas, naturalmente aprenderemos a olhar para o outro e aos poucos as coisas podem ser modificadas, tanto fora, quanto dentro de nós.
Mas e ai.
Qual foi a melhor coisa do seu dia?


"A gente fica meio... meio desencontrado do que a gente é... né?
... se abusá não da nem tempo de aprende as coisa"

(O Tudo é uma coisa só - O Teatro Mágico)